ATA DA TRIGÉSIMA QUARTA SESSÃO SOLENE DA TERCEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA PRIMEIRA LEGISLATURA, EM 12.12.1995.

 


Aos doze dias do mês de dezembro do ano de mil novecentos e noventa e cinco reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quinze horas e vinte e cinco minutos, constatada a existência de "quorum", o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos da presente Sessão, destinada à entrega do Prêmio de Jornalismo "Carmen da Silva" à Jornalista Cláudia Nocchi, de acordo com o Requerimento nº 08/95 (Processo nº 951/95), de autoria do Vereador João Motta e aprovado pelo Plenário. Compuseram a Mesa: Vereador Airto Ferronato, Presidente desta Casa, Jornalista Cláudia Nocchi, Homenageada, e seu esposo, Jornalista Norton Kappel, Jornalista Roberto Appel, Diretor da RBS TV, Jornalista Flávio Porcello, Diretor de Programação da TVE. E como extensão da Mesa, o Senhor Presidente registrou as presenças das seguintes pessoas: Jornalistas Régis Röesing e Gilberto Lima, Rejane Luthemayer, Elenara Iabel, Márcia Soares e Denise Dora, representantes da Themis - Assessoria Jurídica e Estudos de Gênero. Após, o Senhor Presidente concedeu a palavra aos Vereadores que falariam em nome da Casa. O Vereador João Motta, em nome das Bancadas do PT, PSDB, PDT, e do Vereador Luiz Negrinho, Independente, disse que a entrega desse Prêmio à Jornalista Cláudia Nocchi, traduz, de forma simbólica, o reconhecimento da Cidade de Porto Alegre ao trabalho que a Homenageada vem realizando no meio jornalístico. O Vereador Lauro Hegemann, em nome da Bancada do PPS, referiu-se aos dotes profissionais e humanos da Homenageada, dizendo que ela transmite credibilidade e segurança nas telas de nossas televisões. O Vereador Reginaldo Pujol, em nome das Bancadas do PFL e PPB, ressaltou as qualidades da Homenageada, como a sua lealdade, franqueza e companheirismo, que foram herdadas de seus pais, destacando-a como uma das mais qualificadas apresentadoras de televisão que esta Capital e este Estado conhecem. A seguir, o Senhor Presidente convidou o Vereador João Motta para que procedesse à entrega do Diploma alusivo ao Prêmio ora outorgado à Jornalista Cláudia Nocchi, concedendo a palavra a Sua Senhoria, que agradeceu a presente homenagem, dividindo esse Prêmio com os seus colegas de trabalho, sem os quais o seu trabalho não se tornaria possível. Em continuidade, o Senhor Presidente concedeu a palavra a Senhora Elenara Iabel, que em nome da Themis e das promotoras legais populares, agradeceu à Homenageada e à equipe do RBS Comunidade pela reportagem sobre o trabalho que desenvolvem na comunidade. Às dezesseis horas e cinco minutos, nada mais havendo a tratar, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, agradecendo a presença de todos e convidando os Senhores Vereadores para a Sessão Solene das dezessete horas. Os trabalhos foram presididos pelo Vereador Airto Ferronato e Secretariados pelo Vereador João Motta, Secretário "ad hoc". Do que eu, João Motta, Secretário "ad hoc", determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pelos Senhores 1º Secretário e Presidente.

 

 

 


(Obs.: A Ata digitada nos Anais é cópia fiel do documento original.)

 

 

 


O SR. PRESIDENTE (Airto Ferronato): Senhoras e Senhores, declaramos aberta esta Sessão Solene na Câmara Municipal de Porto Alegre, destinada à entrega do Prêmio de Jornalismo Carmen da Silva à nossa Jornalista Cláudia Nocchi.

Este prêmio é uma iniciativa do Ver. João Motta e teve a aprovação unânime dos Srs. Vereadores.

Além deste Presidente, compõem a Mesa: a nossa homenageada, Cláudia Nocchi; o Jornalista Norton Kappel; o Jornalista Roberto Appel, Diretor da RBS TV; o Jornalista Flávio Porcello, Diretor de Programação da TVE.

Gostaríamos de, em nome da Casa, dizer que o Rio Grande do Sul e Porto Alegre têm tido a oportunidade de acompanhar por longo tempo o trabalho da nossa Jornalista Cláudia Nocchi e dizer que seu trabalho sóbrio, inteligente, discreto é marca importante para esta Cidade e para nós, povo do Rio Grande do Sul. Daí o porquê de nós aproveitarmos esta oportunidade para cumprimentar, além da nossa homenageada, o Ver. João Motta pela iniciativa de lhe conceder este prêmio importante para a Câmara Municipal de Porto Alegre e para nossa Cidade. Nossa satisfação em termos essa oportunidade de presidir esta Sessão nesta tarde.

Vamos conceder a palavra ao Ver. João Motta, que é o autor desta homenagem e que fala em nome das Bancadas do PT, PSDB, PDT e do Ver. Luiz Negrinho.

 

O SR. JOÃO MOTTA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. (Saúda os demais componentes da Mesa.) Gostaria de fazer esta breve saudação à nossa homenageada, relembrando um pouco do porquê que nós chegamos a essa tarde.

Nós chegamos a essa tarde porque existem mulheres na nossa sociedade, aqui no Rio Grande do Sul, em Porto Alegre, que há muitos anos vêm lutando pelos direitos da mulher. Carmen da Silva foi uma das primeiras feministas a terem coragem de realizar essa luta. Uma das formas de sua luta era escrever seus artigos na "Revista Cláudia". Portanto, nada mais justo que a Câmara Municipal de Porto Alegre tentasse, também simbolicamente, representar uma parte da sociedade que compõe a pluralidade da Cidade neste Poder que tenta representar a diversidade e a diferença da Cidade de Porto Alegre.

Assim como já temos várias outras homenagens para pessoas que se destacam, por exemplo, na área do cinema, com o Prêmio Eduardo Abelin, na área da música, com o Prêmio Lupicínio Rodrigues, achávamos que deveria existir um prêmio na área do direito das mulheres. Portanto, instituímos o Prêmio "Carmen da Silva" e hoje temos a grata alegria de entregar, pela segunda vez, esse prêmio. A primeira entrega do prêmio foi ao Jornalista Gilberto Dimenstein.

Quando entregamos à Jornalista Cláudia Nocchi essa resolução, num reconhecimento do Legislativo Municipal, estamos traduzindo de forma simbólica o que a Cidade de Porto Alegre está reconhecendo. Sabemos que a Cláudia, pela sua carreira, criatividade, vem, ao longo desses anos, sendo reconhecida pelo seu trabalho e recebendo vários prêmios. Entre esses prêmios, citamos o Prêmio ARI de Jornalismo com a matéria "Fome no Rio Grande do Sul" em 1993 e, em 1994, o Prêmio Wladimir Herzog com a reportagem "Herói Comunitário", que também lhe deu o Prêmio ARI de Jornalismo em 1994.

Se com o Prêmio Carmen da Silva se busca reconhecer o trabalho de matérias jornalísticas, de comunicadores que tratem da problemática da mulher contemporânea, achamos que as reportagens do programa que tu, Cláudia, fizeste, destacando a reportagem sobre as promotoras legais populares e sobre o Projeto Guaíba Mulher, representam muito disso que a Carmen da Silva, as feministas e as mulheres que estão aqui vêm lutando ao longo de toda esta vida. Portanto, nada mais oportuno que nós façamos esta homenagem.

O programa sobre promotoras legais populares destacou que mulheres que vivem hoje em Porto Alegre em vilas populares podem ensinar a sua própria comunidade a defender os seus direitos, e tudo a partir do Curso de Promotoras Legais Populares, que ensina conhecimentos básicos na área do Direito. Porto Alegre hoje é a única cidade do País que conta com esse tipo de programa. O curso é patrocinado pela Themis - Assessoria Jurídica e Estudos de Gênero. É uma entidade não-governamental que trabalha com os direitos da mulher. Portanto, ao longo deste curso, foram advogados, advogadas, promotores e juízes que ensinaram Direito a algumas lideranças que estão presentes aqui, neste ato.

No Projeto Guaíba Mulher, também se noticiou o grande número de casos de violência dentro da família, principalmente casos de agressão contra mulheres, o que fez com que o Município de Guaíba criasse, há pouco mais de um ano, o Projeto Guaíba Mulher. A média de atendimentos por dia é de 25 pessoas. Destas, a maioria são mulheres - aproximadamente 90%.

Portanto, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, prezados presentes que compõem a Mesa, jornalistas, promotores legais populares, feministas, representantes da Themis, nossa querida homenageada Cláudia Nocchi, é com muita alegria que nós te prestamos esta homenagem na expectativa de que este pequeno espaço que nós abrimos aqui traduza o nosso grande reconhecimento pelo teu trabalho.

Um grande abraço e o desejo de que este seja mais um encontro com o Poder Legislativo e de continuar acompanhando a tua carreira brilhante como jornalista na nossa Cidade. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Como  extensão da Mesa, nós citamos as presenças dos Jornalistas Régis Röesing, Gilberto Lima e, também, da Themis - Assessoria Jurídica e Estudos de Gênero, com as presenças de Rejane Luthemayer, Elenara Iabel e Denise Dora.

O Ver. Lauro Hagemann está com a palavra em nome da Bancada do PPS.

 

O SR. LAURO HAGEMANN: Prezado Ver. Airto Ferronato, Presidente da Casa e desta Sessão, prezados companheiros Jornalistas Flávio Porcello, Roberto Appel, Norton Kappel e minha prezada companheira Jornalista Cláudia Nocchi. Demais companheiros jornalistas, Vereadores. Esta Casa hoje, numa singela Sessão, presta uma homenagem a uma personalidade que tem se destacado na comunicação porto-alegrense pelos seus dotes profissionais, humanos, pela sua simpatia, mas, sobretudo, pela empatia com que apresenta os programas para os quais é destacada. Já ouvi de numerosas pessoas, as mais diversas, as referências mais simpáticas à presença de Cláudia Nocchi nas telas de nossas televisões. Certas pessoas têm essa capacidade de transmitir credibilidade, segurança, uma série de atributos que, às vezes, alguns jornalistas não conseguem transmitir, por mais preparados profissionalmente que estejam.

O Ver. João Motta em boa hora propôs a entrega do Prêmio Carmen da Silva a nossa companheira Cláudia Nocchi. Esse prêmio é um reconhecimento da Cidade de Porto Alegre àqueles que se destacam nas lides jornalísticas. O primeiro foi o Gilberto, um articulista da "Folha de São Paulo", muito lido, muito conhecido, com posições muito definidas, e agora atribuímos esse prêmio à Cláudia Nocchi.

A figura social de um jornalista nos dias de hoje vem adquirindo um papel transcendental na nossa sociedade. Até agora, durante um largo período da minha vida humana, a principal referência se localizava no dinheiro, no ouro. Daqui mais algum tempo, na virada do século - já estamos vendo isso hoje -, a principal referência ao poder do ser humano vai ser a informação, vai ser moeda com que o homem vai transacionar. Quem tiver maior e melhor informação terá o comando das ações. Não é por nada que nós já estamos vendo certos senhores que se dizem senhores da sociedade - sempre se disseram - que antes eram os detentores do poder monetário, muitos banqueiros. Hoje nós estamos vendo novos banqueiros se aprestando a tomar conta do mundo: são os  banqueiros da informação. As redes internacionais, as redes nacionais, televisão a cabo, todas essas coisas estão conduzindo para esse processo de dominação. E a sociedade humana não terá outra alternativa no futuro se não se precaver contra esse tipo de monopólio que conduzirá, por sua vez, a uma questão muito perigosa: no dia em que esses senhores, que controlam a informação, quiserem fazer valer o seu poder, terão que exercer a força desse poder e nós cairemos numa tirania muito perigosa, talvez jamais imaginada pela espécie humana. Contra esse poder, contra essa ameaça de tirania é que a sociedade vai ter que se precaver, e se precaver de várias formas. A primeira delas é organizar-se de modo a contrabalançar, não pelos parlamentos, nem pelas instituições comuns que estão aí, porque essas são extensão da dominação desta elite, mas a sociedade vai ter que se organizar em sociedade não-governamental e, subseqüentemente, com a preparação mais adequada daqueles que vão ser os intermediários da informação. E aí entra a figura da nossa homenageada como um dos personagens que terão papel destacado neste processo.

O que se pretende fazer com os profissionais da imprensa? O que já está se fazendo? É submetê-los a um processo em que eles são apenas intermediários de idéias alheias e que visam a uma dominação do grosso restante da sociedade. Eu falo com toda a tranqüilidade porque durante quase cinqüenta anos vivo neste meio. No ano que vem, 1º de junho, completo cinqüenta anos de microfone. Meio século. Vivo desde 1945, 1946 este processo que nesses cinqüenta anos foram uma avalancha no mundo: novas emissoras, novos jornais, novas revistas; a televisão assumiu um papel preponderante no processo de comunicação.

Há uma série de inovações: o telex, o fax, telefoto. Todas essas coisas que hoje estamos vendo, há pouco tempo atrás, nada existia. Acho que sou o único nesta sala que sou do tempo da gravadora de fio, antes da gravadora de fita. Quando o fio arrebentava a gente dava um nó e continuava. Durou pouco, porque logo depois chegaram as gravadoras de fita. Então, só para demonstrar como progrediu o mundo da comunicação. Hoje não existe mais barreira para a comunicação. O homem se comunica do cosmos, vai à lua, aos satélites da terra, vai a outros planetas. Está tudo circulando ao redor do homem e isso é impressionante, porque temos que nos dar conta de quão indefesos nós vamos estar, daqui a pouco, diante da avalancha da comunicação que vai se abater sobre o ser humano, e sem controle.

Desculpa-me, Cláudia, estar falando isso, mas é um bom tema para reflexão, porque tu ainda tens uma longa vida pela frente neste processo de comunicação e poderás muito nos ajudar a contornar esses problemas. E nada melhor do que esta homenagem para te fazer sentir que todos nós, que ainda lidamos com isso - o Kappel, o Appel, o Porcello -, todos nós temos a nossa parcela de responsabilidade. Temos que discutir esse processo e ver com que meios nós, comunicadores, vamos nos contrapor a isso, pois nós temos uma função social definida. Os comunicadores são parte da sociedade humana, e uma parte destacada. Nós temos que ter consciência do papel que temos que representar nesse cenário.

Por isso, Cláudia, desculpe a arenga. Desculpem os companheiros jornalistas, os Vereadores, os convidados, mas eu queria dizer que a minha homenagem à Cláudia é, também, muito afetiva. A gurizada da Rua Tomaz Flores lembra muito bem da garota Cláudia, junto com os meus filhos e os outros brincando ali na esquina, no saguão do Edifício São Marcos, e isso há uns bons anos atrás. Agora, não é só isso que me leva a homenageá-la e admirá-la: é a sua postura profissional e, sobretudo, o que pode nos proporcionar no futuro. Meus cumprimentos. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra e fala em nome das Bancadas do PFL e PPB.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre, Ver. Airto Ferronato, prezada Jornalista Cláudia Nocchi, que hoje recebe o Prêmio de Jornalismo Carmen da Silva, proposto à Casa pelo Ver. João Motta e acolhido pela unanimidade dos seus integrantes. Caros Jornalistas Norton Kappel, Roberto Appel e Flávio Porcello, Srs. Vereadores e Srs. Convidados. O ritual da Casa estabelece que nessas ocasiões, com muita propriedade, o pronunciamento mais significativo pertença ao signatário da proposição que gera a homenagem. Adequadamente, o  Ver. João Motta, com a propriedade que alia a sua cultura à sua inteligência, já teve ensejo de situar no tempo e no espaço o sentido dessa homenagem.

O nosso decano, Ver. Lauro Hagemann - que festeja no ano vindouro o seu 50º ano na atividade jornalística e que eu poderia até dizer, por extensão, que são cinqüenta anos de atividades públicas, no melhor sentido da palavra -, já, a partir das colocações do Ver. João Motta, e mesmo do perfil da nossa homenageada, já teve oportunidade de fazer uma digressão profundíssima no sentido sociológico, filosófico, e me faz lembrar do meu tempo em que eu ia ao Cinema Quaraí e que via na película escrito que qualquer  semelhança era mera ficção. E eu fico a tratar com meus botões na expectativa de que todo esse mundo, esse mundo novo que o Ver. Lauro Hagemann fala, fosse daquela ficção que eu via nos meus filmes de "cowboys" lá em Quaraí. Em verdade não o são. O mundo, nesses últimos cinqüenta anos, teve uma transformação absolutamente inimaginável para aqueles que como nós, Ver. Lauro Hagemann - de certa forma eu -,  chegamos a acompanhar alguns episódios daquela que foi a maior tragédia da humanidade registrada no nosso século, que foi a guerra de 39 a 45, no bojo da qual começaram a se produzir uma série de transformações em todos os cantos, e o pós-guerra viria, depois, a consagrar essa revolução tecnológica que nos faz também, ao mesmo tempo, esquecer as coisas que acontecem no nosso vizinho, aquele que divide a parede do condomínio ou do edifício que habitamos.

Eu tenho o privilégio de ser distinguido pelo Ver. João Dib para que a minha saudação à Cláudia não se limite à saudação do meu partido, o Partido da Frente Liberal. É um privilégio que tenho de ter recebido essa incumbência do Ver. João Dib exatamente no dia em que ele também é homenageado na Cidade pela sua atuação parlamentar.

Pessoalmente eu viria a esta homenagem - e a Cláudia sabe que eu viria de coração aberto - homenagear, fundamentalmente, a filha do Jacques e da Julinha. Lembro-me que, no final dos anos 70, Vereador desta Cidade, eu recebi uma visita de uma jovem jornalista, que me solicitava uma entrevista para o "Jornal do Brasil". Essa jovem jornalista, ao longo da entrevista, se identificou como sendo a filha do Jacques Nocchi, que é uma das figuras mais positivas que eu já conheci, meu amigo fraterno, companheiro das grandes jornadas. Pois venho hoje, Cláudia, dizer que me sinto muito feliz, muito à vontade em ver a Casa do Povo de Porto Alegre te prestar esta homenagem. Além de comprovar aquele adágio popular de que o fruto não cai longe da árvore, quero te dizer que vejo em ti aquelas qualidades que aprendi a respeitar nos teus pais, de lealdade, de sinceridade, de franqueza e de companheirismo.

Quando vejo o teu sucesso na atividade que deliberadamente assumiste, me sinto, de certa forma, envaidecido pelo entusiasmo com que observo que vens, aos poucos, te assenhoreando da arte da comunicação, sendo, sem dúvida nenhuma, uma das mais qualificadas apresentadoras dos programas de televisão que a Cidade de Porto Alegre e o Estado do Rio Grande do Sul conhecem. Como não sou jornalista de carteirinha, apesar de ter habilitação profissional para isso, vou buscar noutro campo a figura que devo fazer da homenagem que merecidamente a Casa te presta neste dia.

O Ver. Lauro Hagemann buscou na sua experiência de comunicador e eu busco na minha experiência como advogado. Socorro-me do velho mestre Armando Câmara, quando me ensinava, nas lições de Filosofia de Direito, uma lapidar expressão para definir o valor das coisas e das pessoas: que o valor é a conformidade do dinamismo do ser com o seu fim. O jornalista competente, a jornalista vitoriosa prova o seu valor exatamente nessa conformidade, nessa relação de causa e efeito, que a transforma a todo dia e a toda hora. Sujeita à crítica dura da audiência, apesar de toda essa transformação, ainda não se fez alterar, eis que, ainda que as qualificações tecnológicas possam em determinada circunstância credenciar com mais intensidade um determinado veículo, ainda não se faz dispensável a presença do profissional que, tirando ou não o bom partido da tecnologia, consegue, através do seu trabalho, aquilo que é a busca do patrão, do empregado, de todos aqueles envolvidos no complexo da informação, que é a  audiência, que é o aplauso do jornalista, que é o aplauso do integrante do processo de informação no Brasil ou em qualquer quadrante do mundo.

As tuas atuações permanentes nos nossos meios de comunicação têm, ao longo do tempo, te trazido a oportunidade de reconhecimentos bastante expressivos. Há pouco tempo, na Capital Federal, tu recebias um prêmio que era de reconhecimento de um grande trabalho realizado pela tua equipe, sob a tua coordenação, no ano de 1994. Hoje nós, os Vereadores de Porto Alegre, te outorgamos este prêmio que tem a denominá-lo uma figura que a todos aqueles que se envolvem na comunicação dispensa apresentação, que é a Carmen da  Silva. E quando nós te prestamos esta homenagem, a par do nosso orgulho pessoal, da nossa satisfação individual de vermos uma pessoa que tem as raízes que tu tens reconhecida no seu sucesso, no seu mérito, na sua qualificação profissional e, sobretudo, na seriedade profissional, nos anima, aos Vereadores, independente de posições político-partidárias, a idéia de que, seja qual for a nossa crença ideológica, sejam quais forem as nossas posições doutrinárias, sempre haveremos de reconhecer o bom exemplo e enaltecer o bom trabalho. É algo que se impõe acima de qualquer divergência que se possa ter. Nesse particular, Cláudia, tu criaste uma condição bastante tranqüila para esta Casa. Esta Casa, que tem posições ideológicas multifacetadas, toda ela unida resolveu um dia aplaudir o teu trabalho, e o faz com justiça e com reconhecimento.

Pessoalmente, te cumprimento e peço que, na primeira oportunidade, transfiras para teus pais a alegria que eu tive em poder te saudar no dia de hoje como a grande homenageada com o Prêmio Carmen da Silva que, por unanimidade, o Legislativo de Porto Alegre te concede. Meus cumprimentos. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Vamos convidar o Ver. João Motta para proceder à entrega do Diploma.

(É feita a entrega do Diploma.)

 

A Sra. Cláudia Nocchi está com a palavra.

 

A SRA. CLÁUDIA NOCCHI: Eu vou ser breve, porque realmente não tenho o dom da oratória e costumo ficar um pouco constrangida.

Não poderia deixar de agradecer a homenagem dos Srs. Vereadores, especialmente do Ver. João Motta, pela lembrança, por ter-me colocado nesta galeria que começa a se formar, cujo primeiro nome é de vital importância para o jornalismo brasileiro. Eu fico muito feliz em ter sido saudada em especial por amigos, mais do que profissionais, Vereadores e políticos. Agradecer a presença das promotoras populares, cuja matéria foi uma das mais lembradas pelo Ver. João Motta e cujo trabalho é admirável. Prometo que vou voltar ao assunto para ver o quanto vocês evoluíram neste ano que passou com esse trabalho fantástico que vêm desenvolvendo aqui em Porto Alegre. A grande satisfação de fazer um programa que fala da comunidade é poder estar perto dessa comunidade e ver que ela nos devolve, como vocês estão fazendo hoje, vindo aqui participar e dividir essa alegria comigo.

Agradeço muito a vocês, aos meus amigos queridos que estão aqui e gostaria de lembrar, como sempre faço: o prêmio está no meu nome, mas é claro que nenhuma reportagem de televisão, nenhum trabalho em televisão é possível que se faça sozinho. É um trabalho em equipe e é dessa equipe que eu preciso, necessito. Agradeço aos produtores que já trabalharam comigo, em especial à Daniela, que está aqui, ao meu cinegrafista Gilberto Souza, que sem ele eu não faria absolutamente nada do que faço. Eu tenho a sorte e a alegria de poder estar sempre com ele nas minhas matérias; ele, carinhosamente, é chamado de Pilha. Infelizmente, não pôde estar aqui, porque está trabalhando. Agradeço a ele, porque é uma pessoa que ajuda muito no meu trabalho. Ao meu marido, que me agüenta, obrigada por estar aqui. A todos vocês, muito obrigada. É uma honra imensa. Eu não vou continuar, porque senão eu vou chorar e vai ficar chato. Muito obrigada. (Palmas.)

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE: Vamos convidar a Elenara Iabel, da Themis - Assessoria Jurídica e Estudos de Gênero, uma organização não-governamental de Porto Alegre, para fazer a entrega de flores a nossa homenageada.

 

A SRA. ELENARA IABEL: Em nome da Themis, das promotoras legais populares, deixamos aqui os nossos sinceros agradecimentos à Cláudia e a toda a equipe da RBS que produziu o "RBS Comunidade" sobre as promotoras legais populares. Eu queria registrar a todos que esse programa foi fundamental para o desenvolvimento do nosso projeto, pois ele repercutiu em todo o Estado, divulgou o nosso trabalho, impulsionou as promotoras nas suas áreas de atuação e apresentou não só para sua comunidade, mas para todo o Estado do Rio Grande do Sul, essas lideranças como promotoras de direitos básicos e fundamentais das mulheres. Foi fundamental, também, porque dentro da própria comunidade essas mulheres se reafirmaram como lideranças, através da sua capacidade de ação e de solidariedade. Falo isso apenas para assinalar algumas das contribuições positivas que teve esse programa para nós. Como disse a nossa querida Ieda, no programa que a Cláudia gravou e produziu, "é como se tivessem aberto uma janela e um monte de luz entrado". Nosso muito obrigada. (Palmas.)

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE: Senhoras e Senhores, gostaríamos de citar a presença do Ver. Artur Zanella.

Gostaria de registrar que, desde 1991 - são, portanto, cinco anos -, eu tenho tido a feliz oportunidade de estar compondo a Mesa Diretora da Câmara Municipal de Porto Alegre. Tive a oportunidade de presidir inúmeras Sessões Solenes, até porque a Câmara promove Sessões nas terças e quintas-feiras e cada Vereador de Porto Alegre tem a possibilidade de escolher um homenageado. Isso significa que há uma importância interessante em termos do nome que cada Vereador busca para registrar o reconhecimento desta Casa pelo trabalho que esses nossos homenageados têm desempenhado em benefício da nossa sociedade porto-alegrense.

Agora está se encerrando o meu mandato de Presidente da Câmara. Além disso, hoje é a última Sessão Solene de 1995 que a Câmara realiza, e para mim, enquanto Presidente - tenho certeza de que para todos os Vereadores de Porto Alegre -, a presença de ilustres jornalistas homenageando uma jornalista reconhecida em termos profissionais e pessoais, aqui de Porto Alegre, é alguma coisa que merece registro todo especial, até porque todos nós - eu não sou jornalista - reconhecemos a importância dessa extraordinária função que leva à nossa gente as informações tão necessárias para o cotidiano das nossas vidas. Daí  por que, em nome desta Casa, gostaríamos de registrar mais uma vez os cumprimentos para a nossa homenageada, a Cláudia.

Agradecemos a presença de todos e encerramos esta Sessão Solene.

 

(Encerra-se a Sessão às 16h05min.)

 

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